Quem é Pedro Falcão
D. Simão Santíssimo Sacramento Pedro Cotta Falcão Aranha.
Aprendeu as primeiras letras nas escolas primárias públicas de Cascais e Seixal; frequentou depois o Colégio de Ermezinde, até ao 5º ano e Escola Académica, Liceu Pessoa Manuel e Liceu de Beja, até ao 7º ano, matriculando-se, posteriormente, na Faculdade de Direito que frequentou entre 1926/1927, passando então para a Escola Superior Colonial, onde conclui o curso.
Entretanto, participou na Guerra Civil Espanha como piloto de caça, onde foi abatido duas vezes, aterrando com os aviões incendiados; condecorado com as Medalhas de Campanha, Cruz de Guerra e Laureada Colectiva de San Fernando, pela coragem demonstrada em todas as missões.
Com o brevet de voo sem motor, obtido na Alemanha e em Huesca, onde o director António Penabiel fora seu companheiro de esquadrilha, "Pedro Falcão" introduziu a modalidade em Portugal, foi encarregado de instalar a respectiva escola de voo sem motor, de que foi professor, tal como havia sido professor de voo com motor na Escola Manuel Brandão e outras duas escolas de onde saíram pilotos que mais tarde ingressariam na TAP e na carreira militar.
Este artista de Cascais vem, ao longo de muito anos, em prosa, poesia e na tela, retratando as originais figuras do "Teatro Verdadeiro", que é a vida. Considera a arte como o "farol da humanidade" e desde 1947, ano em que iniciou a sua actividade com escritor, passando ao papel inúmeras histórias, em especial nas edições de : "O meu Teatro Verdadeiro" em 2 volumes, de contos poéticos : "Sem Rumo nem Destino"; "Pra lá daqui"; "Não há Capitão" e "Poeta Maldito", além de um livro crítico de ficção, inspirado na invenção da bomba atómica e política totalitária, intitulado "Lembra-te Pássaro", são algumas obras deste período.
Após o ingresso na Sociedade de Belas Artes, dando início à actividade como artista plástico. "Pedro Falcão", publica uma colecção de crónicas poéticas, sobre personagens e mansões notáveis da sua terra, de cariz histórico, profundamente divulgadas com enorme sucesso : "Cascais Menino" em 3 volumes; "D. Laurinha" e "Leonor", são alguns clássicos na história do concelho de Cascais, além de marcos decisivos no desenvolvimento da historiografia portuguesa.
Dotado de uma invulgar sensibilidade e inteligência, tem uma vastíssima obra, grande parte já editada, e, poesia, como romancista, ensaísta, historiador, colaborador de diversos órgãos de comunicação social e como artista plástico, de que destacamos.
Um grande autobiográfico, "Sem rumo nem destino", poesia : "Lembra-te Pássaro", "Poeta Maldito", "Conto Infantil", "Cascais Menino I" ficção : "O meu Teatro Verdadeiro", contos : "Não há Capitão", crónicas : "Cascais Menio II", "Cascais Menino III", "Leonor", romance : "D. Laurinha", "Os Valares" (estão escritos 3 volumes). Esta última obra, retrata muito da sua vida e da sociedade portuguesa, desde a época do Rei D. Carlos até aos dias de hoje.
Em síntese, é esta a biografia de "Pedro Falcão" que, em conjunto com D. Ana Maria Burnay, sua esposa, a quem sempre o ligou um amor, carinho e admiração sem limites, "que lhe permitiu viver envoltos na cultura e para a arte", até que, de comum acordo, criaram a Fundação que perpetuará os seus nomes e a sua obra.
Dª. Ana Maria Burnay Yanrub
Embora nascida em Portugal, foi levada para França com apenas 6 meses de idade, tendo, por isso, feito toda a sua educação em Paris. Estudou no Colégio Santa Benevieve e mais tarde na Sorbone, regressando a Portugal depois de completar os 17 anos.
Personalidade dotada de enorme cultura e sensibilidade, já depois casada com Pedro Falcão, dedicou-se com enorme entusiasmo à prática da escultura. Tendo esculpido a imagem de diversos amigos, incluindo o artista "Manuel Lereno", cujo o busto se encontra no Museu Soares dos Reis, no Porto.
Excelente poetisa; embora grande parte da sua poesia tenha sido feita em francês, idioma que dominava inteiramente; pintora, tendo deixado inúmeras obras, era, ao mesmo tempo, a principal crítica e orientadora dos trabalho literários e artísticos do marido a quem, com o carinho que lhe era peculiar, costumava dizer : "Se fosse a ti dava um jeito nisso. Acho que não está bastante Pedro Falcão".
Participou, com o marido, em diversas exposições no Estoril, na Sociedade de Belas Artes de Lisboa, Bordeus, Albacete e na Madeira. Frequentou também com o marido, a célebre Escola de "Ver", em Salzburgo, na Áustria, fundada por Oskar Kocotcha.
Punha o maior entusiasmo em tudo quanto se propunha fazer, escreveu um romance auto-biográfico, intitulado "Ana", 5 peças teatrais e dezenas de maravilhosas poesias; pintou inúmeros e fez bastantes esculturas, sem a mínima preocupação em divulgar os seus trabalhos e composições, sendo o marido quem compilava grande parte de todo este acervo artístico e cultural.
Dª. Ana Maria Burnay "iluminou a vida de Pedro Falcão", de quem foi "uma companheira entusiástica", verificando-se uma grande unidade espiritual conforme se vê por algumas pinturas campestres que criaram em simultanêo e tinham características comuns ou muito semelhantes. A vida entre o casal foi um entendimento perfeito, na mutua compreensão, num ambiente cultural em que a arte estava sempre presente, levando-os a perpetuar o seu nome ao criarem a "Fundação Pedro Falcão e Yanrub" para defesa do seu património artístico e auxílio aqueles que, sendo dotados, não tinham condições de aperfeiçoar a sua técnica e conhecimentos artísticos.
Era fantasticamente espontânea nos seus "achados" e costumava dizer : "Literatura sem poesia é um jardim sem flores" e repetia com frequência : "Somos vítimas de um século que espezinha o belo para exaltar uma loucura que nem sempre é louca".